Perdão imerecido


Sonhei que eu havia matado muitos criminosos. Apenas eu e uma espada. Não fui atingido nenhuma vez. Matei da forma mais fria possível. Banhei-me de sangue. Foram muitos os mortos e em vários lugares. 

Era eu mesmo que estava lá. Reconhecia-me perfeitamente no assassino. Era eu! E após limpar a catana, tomar o caminho de casa e retirar a máscara, assumi o meu papel de pai, provedor do lar, marido, bom amigo e companheiro de trabalho na vida que levo atualmente. 

Acordei com um susto enorme, como se, enfim, tivessem me encontrado, os juízes. Fiquei em um confuso despertar, perturbado de fato que houvessem me achado, revelado meu disfarce. Esse eu que animo hoje, um grande disfarce. 

Foram tantas mortes, todas pelas minhas mãos. E o susto não era de as ter cometido, mas de terem me descoberto. Então, lembro do quanto dediquei esta vida que carrego hoje a Jesus, em divulgar seus ensinamentos e tentar trazer o reino dele à Terra. Começo a me envergonhar, e a vergonha vai se apoderando de mim. Dou-me conta que, por mim mesmo, leia-se, pelas minhas obras, eu nunca seria capaz de reparar as vidas que tirei.

Vou acordando com esse gosto amargo na boca, de que teria de viver agora desnudo do meu passado e de que teria que aceitar o perdão que viria de fora.

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